Homenagem

Um dia para lembrar quem cuida

Dia 12 de maio marca a comemoração do Dia Mundial do Enfermeiro e ganha ainda mais expressão no Brasil, primeiro no ranking de mortes de profissionais de saúde por Covid-19

Divulgação -

No trato com os pacientes, nos exames diagnósticos, os enfermeiros desempenham um papel fundamental nos hospitais e nas unidades de saúde. O dia 12 de maio marca um momento de homenagem a estes profissionais que cumprem sua missão de cuidar do próximo. O Dia Internacional da Enfermagem, ou Dia Mundial do Enfermeiro, celebrado nesta terça-feira, remete ao nascimento da italiana Florence Nightingale, há 200 anos, e o Diário Popular conversou com profissionais que estavam na ativa durante a celebração.

Neste bicentenário de nascimento da efermeira italiana, seus colegas amargam dias difíceis, tendo que lidar com uma doença invisível. Muitos deles atuam na linha de frente do combate à pandemia da Covid-19 e travam uma batalha diária pela vida. Não só pela própria, mas também pela de milhões de pacientes ao redor do mundo, infectados pela pandemia do novo coronavírus, cujos óbitos já somam, aproximadamente, 290 mil.

"O mesmo reflexo que vemos em outros países, percebemos aqui. Estamos na linha de frente dos atendimentos contra a Covid-19 e o que nos traz medo é o fato de não conhecermos o vírus, é uma doença nova. A falta de equipamentos de proteção nos traz este receio, ainda mais quando vemos na mídia que vários colegas estão perdendo esta batalha", conta a enfermeira do Hospital-Escola da Universidade Federal de Pelotas (HE-UFPel), Bárbara Ramos. O medo dela e dos colegas tem dados, tem registro. O Brasil tem 160 mil casos de profissionais de saúde infectados pelo vírus. Destes, aproximadamente 12 mil são enfermeiros, o que corresponde a 8% nos índices. O país lidera o ranking que contabiliza as mortes destes profissionais, com 94 óbitos. Os números são superiores à soma de outras localidades, como Estados Unidos, Espanha e Itália, e corresponde a 37% das mortes de funcionários de enfermagem em todo o mundo.

Enfermeira há oito anos, Bárbara ainda destaca que a data é sinônimo de uma busca por maior reconhecimento. "É um dia que representa a nossa luta. Por reconhecimento, por melhorias nas condições de trabalho e também por uma valorização do que fazemos. Falamos da arte, do heroísmo, mas a enfermagem é uma ciência. Trabalhamos por amor, com empatia, mas tem muita ciência nas nossas atividades, nós buscamos esta qualificação", aponta.

Quem compartilha da mesma visão é a enfermeira Greice Matos, que atua na Casa do Carinho e na UBS Areal. Docente na Universidade Católica de Pelotas (UCPel), Ela conta estar feliz com a importância atribuída à categoria, mas lamenta outros aspectos estruturais da profissão. "Lutamos pela jornada de 30 horas, pelo piso nacional. Muitos colegas trabalham sem recursos, com sobrecarga de trabalho e, hoje, mais do que nunca, precisamos desta valorização. Trabalhamos em uma profissão que exige a empatia, o fator humano, a capacidade de se colocar no lugar do outro, mas também requer a qualificação profissional", defende.

Comemorações

Em razão da pandemia, as celebrações da data precisaram ser a distância, por meio das plataformas digitais. Na UCPel, a jornada acadêmica foi mantida de maneira virtual entre os dias 11 e 20 de maio. A data de encerramento é alusiva ao dia dos técnicos e auxiliares de enfermagem. "Nos costumamos a fazer jornadas de cunho científico mas, em razão do vírus, estamos proporcionando aos alunos o acesso aos conteúdos através da internet. Buscamos discutir a valorização da enfermagem e todo o contexto do coronavírus", conta a coordenadora do curso na UCPel, Karen Carvalho.

Na UFPel, o Coletivo de Diversidade Hildete Bahia realizou uma live no final da tarde com a abordagem voltada para a necessidade de dar visibilidade à luta diária da profissão. No foco da transmissão, está a saúde mental dos profissionais que atuam na linha de frente contra o coronavírus. A professora Luciane Kantoski, que recentemente teve seu trabalho reconhecido, inclusive com aporte financeiro para pesquisas contra o vírus, foi a responsável por trazer estas abordagens à comunidade.

Florence e as celebrações

Natural de Florença, ela escolheu a enfermagem após experiências vividas com a mãe e pela crença de ter atendido a um chamado divino. No Brasil, a data passou a estar prevista no calendário a partir de 1974, após determinação do Conselho Internacional de Enfermeiros.

Filha de pais ingleses, Florence cursou enfermagem em Kaiserwerth, na Alemanha. Exerceu fortemente a profissão durante a Guerra da Crimeia, que eclodiu em 1853, no auxílio aos soldados feridos. Seus métodos reduziram os índices de mortalidade dos combatentes em meio a poucas condições sanitárias e estruturais para conseguir desenvolver seu trabalho.

Fundou em 9 de julho de 1860 uma escola de enfermagem em Londres, na qual modificou princípios metodológicos da área. Estas mudanças influenciaram no desenvolvimento da enfermagem, que passou a agir seguindo uma série de padrões morais, intelectuais e de aptidão profissional.

Florence foi condecorada com a Ordem do Mérito durante a era Vitoriana, em 1901.

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